Tendo como pressuposto básico as palavras de Paulo Freire que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua produção ou a sua construção”, assim como a ideia da equipe multidisciplinar que tinha como proposta trabalhar três estórias explorando princípios ambientais, éticos, morais, sócias e políticos, sobre questões ambientais, procurando contribuir para a construção dos saberes pelos estudantes do 5o ano do Ensino Fundamental, foi proposta então o Programa Filosofia para criança.
O Programa de Filosofia para Crianças foi concebido pelo Professor estadunedense Matthew Lipman, com o intuito de inciar as crianças no pensar filosófico. Quando desenvolveu seu programa o Professor Lipman pretendia o desenvolvimento de habilidades cognitivas, por meio de temas filosóficos em uma linguagem acessível para as crianças e via nas estórias, o ponto de partida para iniciar as crianças no universo da filosofia. Para ele as estórias são mercadorias preciosas, pois as crianças se apropriam dos personagens, tendo os mesmos como companheiro imaginários. Nas palavras do Prof. Lipman “ dando às crianças estórias de que se apropriar e significados a compartilhar, proporcionamos-lhes outros mundos em que viver – outros reinos em que habitar” (LIPMAN, 1997, p. 62).
Construímos nossas visões de mundo a partir do contato com o outro. Nesse contato estabelecemos relações, dialogamos, trocamos afetividade, conhecimento, e a partir desta troca nossa visão de mundo é modificada, ampliada, nosso universo se expande. Nossa percepção se altera. Tendo como base esta idéia adotamos a perspectiva histórico-cultural de Vygostsky segundo a qual, os processos psicológicos emergem relacionados aos modos de vida dos indivíduos em interações, considerando que a linguagem e a cognição constituem-se mutuamente (Smolka, 1997). Visto desta perspectiva é possível perceber que há um movimento interativo que envolve os sujeitos e o objeto de conhecimento, destacando assim a importância na mediação do outro no processo de construção do conhecimento. O papel mediador do outro é importante não só na construção de conhecimento, mas, fundamentalmente na constituição do sujeito (Machado, 2000). A proposta de Vygotsky apoia-se em algumas formulações básicas das quais importa destacar a origem social e histórica dos processos mentais e o papel mediador da linguagem e da cultura na construção de conhecimento. Mikhaïl Bakhtin defende que a linguagem se vive e se gera historicamente (Freitas, 2008). A linguagem assume nesta perspectiva um papel constitutivo na elaboração conceitual e não apenas uma dimensão comunicativa ou instrumental. Bakthin advoga “... que não é a atividade mental que organiza a expressão, mas, ao contrário é a expressão que organiza a atividade mental, que modela e determina sua orientação” (Bakhtin, 1992:112).
Então tendo em mente todos esses conceitos aliados à proposta do programa optamos por trabalhar com estórias tendo um policial militar no papel de mediador. Este orientava e coordenava as discussões das crianças sobre as estórias lidas em sala de aula. Nossa intenção ao optarmos pela leitura das estórias e propor uma discussão sobre as mesmas com o auxílio do mediador, foi contribuir para a construção de um olhar mais crítico pelas crianças relacionadas à questões ambientais. Sem dizer o que é certo e errado, mas contribuindo para que o sujeito (as crianças) possa construir suas clarezas.
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